Marcos Pereira on-line

19 janeiro 2008

Top 40 dos meus 40

Foi como numa visão; não sei explicar exatamente como se deu, pois as brumas enevoadas deixavam tudo translúcido.
Na aparição, o dono da fábrica de replicantes, à qual pertenço, me disse que o modelo MP 19-01-1968 foi concebido para durar 97 anos. Portanto, me restam 57. Afinal de contas, como tão bem cantou o Frederico Mercúrio, ‘who wants to live forever'?.

Sem mais blábláblás da efeméride, no que concerne à minha perene existência neste planetinha via-lácteo, lá vai o Top 40 dos meus 40:

Batman Theme - Neal Hefti
Fala - Secos & Molhados
Clube da Esquina No. 2 - Lô Borges
Don´t Let Me Be Misunderstood - The Animals
Video Killed The Radio Star - Buggles
Shine On You Crazy Diamond (Parts I-V) - Pink Floyd
Yellow - Coldplay
Diariamente - Marisa Monte
Linha do Horizonte- Azimuth
Buffalo Gals - Malcolm McLaren
Olhar 43 (remix by Iraí Campos, Grego e Julinho Mazzei) - RPM
Pais E Filhos (Acústico MTV) - Legião Urbana
Love Of My Life - Queen
Olha Pro Céu - Ceumar feat. Luiz Gonzaga
Careless Whispers - Trash Pour 4 feat. George Michael
The Killing Moon - Echo And The Bunnymen
I Need You - The Beatles
Please Mr. Postman - The Beatles
O Segundo Sol - Cássia Eller
Vamos Fugir - Gilberto Gil
Redemption Song - Bob Marley
Three Little Birds - Bob Marley
Rivers Of Babylon - The Melodians
Police And Thieves - The Clash
Message In A Bottle - The Police
Ela Partiu - Tim Maia
I Will Survive - Cake
Táxi Lunar - Geraldo Azevedo
Creep - Radiohead
(Sittin' On) The Dock Of The Bay - Otis Readding
Boogie Oogie Oogie (Extended Version) - A Taste of Honey
Glory Box - Portishead
10 Contados - Céu
There´s a Kind of Hush - Herman’s Hermits
Ideologia - Cazuza
Ouro de Tolo - Raul Seixas
I Heard It Through The Grapevine - Creedence Clearwater Revival
Rock With You - Michael Jackson
How Do You Do ( What You Do To Me) - Brass Construction
Paid In Full (7 Minutes Of Madness) (The Cold Cut Re-Mix) - Eric B. & Rakim

Bonus Tracks

Robocop Gay - Mamonas Assassinas ao vivo no estúdio Transamérica
Under The Bridge - Red Hot Chili Peppers
I Say A Little Prayer - Aretha Franklin
Gimme Tha Power - Molotov
Os Urubus Só Pensam Em Te Comer - Cidadão Instigado
This Love - Maroon 5
I Was Made For Loving You - Kiss

PS: A Mauro Jorge Records sorteará CDs alusivos à esta seleção. Quem quiser concorrer, é só enviar um comentário manifestando o desejo.

PS II:

Lá num planeta azul,
Que é chamado de Terra,
Porém cheio de mares,
Contradições, crises e guerras,
Vive um montão de pessoas,
Umas boas, outras não,
Umas tristes, deprimidas,
Outras até bem felizes,
Apesar dos seus pesares,
Os problemas destas vidas,
Desta terra, desta gente,
É que, por mais que façam e aconteçam,
Infelizmente lá, tudo que existe morre,
Porque lá existem dias,
E os tais dos dias correm,
Dia e noite, diariamente.

Trecho do livro ‘Sonho de Uma Noite de Verão', da Adriana Falcão, inspirado na comédia homônima de William Shakespeare.

PS III: E VIVA ZAPATA!!!

01 janeiro 2008

São Silvestre 2007 - encontro casual comigo mesmo 20 anos depois

Até o fim da Paulista, a massa humana de corredores se movia compacta, quase inerte. No final da avenida, saída pela direita, início do descidão da Consolação, outrora subida. Chego, então, ao cruzamento mais famoso da metrópole, eternizado em verso e prosa pelo cancioneiro baiano: av. Ipiranga X São João. Logo adiante, minhocão à vista. E dá-lhe asfalto. E dá-lhe subida. E dá-lhe calor.

Embora em condições anormais de temperatura e pressão, consegui imprimir um ritmo cadenciado, firme, de intensidade moderada, sem perder o foco num provável final extenuante. Fisicamente, tudo transcorria às mil maravilhas. Até que, na altura do viaduto Pacaembu, eu embarquei num túnel do tempo. Visualizei um rapaz franzino, que correu a São Silvestre em 1987. Era eu encontrando comigo mesmo 20 anos mais moço. Contextualizando, a “SS” daquela época era outra; foi o último ano em que o evento se realizou horas antes da virada, às portas do ano novo. E a famigerada subida no final se dava pela rua da Consolação. Hoje, a chegada é via Brigadeiro Luiz Antonio.

Naquele momento do encontro, senti um aperto no coração. Um misto de gratidão e culpa. Gratidão porque eu devo muito àquele “eu – 20” a determinação e perseverança que me trouxeram até aqui.
Culpa por eu ter traído alguns ideais de vida. Claro que muitos deles inocentes e utópicos, típicos devaneios de um jovem rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso e vindo do litoral. À época, eu registrava altíssimos 93,715 graus na escala DiPaula (vai de 0 a 100), que mede a intensidade de idealismo comuna. Desculpe, cara! Foi mal! A culpa é coletiva. A culpa é do sistema, companheiro!.

Sobre a corrida, ganhei mais uma medalha de participação para a coleção – daqui a pouco vou precisar de um salão para abrigar as medalhas participativas.
Entretanto, todavia, contudo, mas, porém (e outras conjunções adversativas que me fogem), mais difícil do que a prova, foi o resgate do meu afro-amigo-descendente-fluminense Beto Digão. O badaladíssimo vocalista-performer da promissora banda de pagode ‘Embala Samba’ não compareceu ao encontro marcado em frente à FNAC da Paulista, combinado para depois da corrida. Enquanto eu viajava no túnel do tempo, ele atravessou a fronteira do espaço-tempo e se teletransportou para a Brigadeiro na esquina com a rua Tutóia. É, amigo! O ministério da saúde adverte: substâncias etílicas e fermentadas produzem efeitos que desafiam até as leis da física! No mínimo, a organização da “SS” poderia me conceder uma medalha de bônus por ter subido a Brigadeiro até a Paulista pelos dois lados (centro e Jardins).

Concluindo, deputado(a), no ano em que se comemorou a efeméride do cinquentenário do clássico ‘Encontro Marcado’ (Fernando Sabino), um clássico da literatura brasileira, eu tive um ‘encontro casual’. Ao contrário do livro, o encontro não foi agendado com amigos. Foi casual, atemporal e comigo mesmo. Doeu um pouquinho, mas foi gostoso. Sinal de que a anestesia emotiva dos dias de hoje pode ser quebrada por pequenas (ou médias ou grandes, ou não!) catarses. Oooohhhh!

Finalizando de vez, a nível de baianidade nagô, como compôs lindamente Caetano, o Veloso:

“Tempo, tempo, tempo, tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo, tempo, tempo, tempo.“


PS. A imagem mais representativa e emblemática da corrida aponta - não de um iceberg, como na música do Jay Vacquer - do viaduto Brigadeiro Luiz Antonio. Lá, bem no início do fim (Km 12 do total de 15), se avistava um mar de gente multicolorida, multiracial e multifacetada. Enfim, a cara de São Paulo. Oooohhhh!